A história da minha aprovação na Defensoria Pública


Ei, pessoal! 

É com muita felicidade que venho aqui hoje contar sobre a minha aprovação no concurso da Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo. 

Como eu já disse no primeiro post, meu foco atual é a carreira da magistratura. Porém, o ano de 2016 foi bem escasso de concursos para Juiz. Nenhum edital foi publicado. As duas únicas provas que fiz (TJRJ e TJSC) foram de editais publicados ainda no ano anterior. E foi aí que a Defensoria Pública entrou na minha vida.

Eu sempre admirei a carreira, mas nunca tinha pensado em prestar o concurso. Mas, diante da falta de provas da magistratura e da publicação do edital da DPE no meu estado, um concurso "grande", cujas matérias eram bem semelhantes com as que eu já estudava, não pensei duas vezes em fazer a prova. Me inscrevi, mas continuei no meu foco de estudos. Somente nos finais de semana, quando conseguia, era que pegava as matérias específicas da DPE (direitos humanos, princípios institucionais). Faltando duas semana para a prova, foquei apenas nessas matérias e resolvi bastante questões de provas anteriores da DPE organizadas pela FCC.

Fiz a primeira fase sem muita expectativa. Apesar de ter gostado da prova, não estava esperando que fosse passar. Quando conferi o gabarito, no outro dia, foi uma surpresa. Eu tinha feito 77 pontos. A nota de corte, de acordo com o site do olho na vaga, que costuma ser bem certeiro, estava em 71. Eu estava dentro! 

Foi um momento de muita alegria. Mas também de muita ansiedade. E agora? Como me preparar para uma segunda fase de um concurso em que tudo era novidade para mim? Matérias novas (filosofia, previdenciário, criminologia). Peças práticas de civil, penal e direito público. Toda aquela visão crítica da Defensoria. Nesse momento, contei com a ajuda de muitas pessoas especiais que a vida deu um jeito de aproximar de mim. As informações que recebi iluminaram um pouco o caminho a ser seguido. 

Contratei um curso específico para a segunda fase, chamado Ouse Saber. Eles utilizavam o método de rodadas nos moldes da prova. Ou seja, enviavam três questões e uma peça prática por semana para eu  resolver, e depois corrigiam e teciam comentários acerca da resposta dada. Além disso, eles forneceram um material complementar que achei excelente, incluindo resumos das obras de filosofia, guia prático para elaboração das peças, julgados importantes, teorias diferentes. O curso foi essencial para a minha aprovação. O ponto auge do curso, para mim, foi a peça prática de penal que foi cobrada na minha prova e tinha sido trabalhada pelo curso, inclusive com praticamente as mesmas teses defensivas a serem alegadas. Eu fechei a peça! Muito provavelmente não teria passado se não tivesse alcançado a nota máxima nela.

A segunda fase foi muito desgastante. Três provas, uma no sábado e duas no domingo. Cada prova consistia na elaboração de uma peça prática e de três questões, em 4 horas. Não dá tempo de pensar muito. No primeiro dia, a peça cível cobrada foi muito controvertida. Pedia a elaboração do recurso cabível em face da decisão que encerrava a primeira fase da ação de exigir contas. Metade dos candidatos fez agravo, enquanto outra metade fez apelação. Quando eu li a questão e vi que estava em dúvida, utilizei uma estratégia que me ajudou muito. Resolvi fazer primeiro as questões. Com calma, consegui responde-las muito bem. Faltava 1 hora para terminar a prova quando eu comecei a fazer a peça. Fui de apelação. 

Chegando em casa, vi que o assunto era mesmo controvertido. Mas, havia um enunciado do Fórum de Processualistas Civis que afirmava ser cabível o agravo. Pronto. Eu tinha errado a peça. Eu não ia passar. Mesmo assim, no domingo fui tranquila fazer as outras duas provas. Para mim, o ciclo defensoria pública tinha se encerrado ali. Eu já estava muito feliz e satisfeita em ter conseguido fazer a segunda etapa do concurso. 

No outro dia, embarquei numa viagem com a minha família. Voltei já perto da virada do ano. E no dia 02 de janeiro, retomei aos estudos com foco novamente na magistratura. Finalmente havia um edital publicado (TJPR) e eu queria muito fazer aquela prova. Comecei um curso no CP IURIS específico para a primeira fase do Paraná e pensei comigo mesma "agora vai". Mas a vida me reservou outra surpresa. 

No final de janeiro saiu o resultado da segunda etapa e meu nome estava lá na lista dos aprovados. Eu não conseguia acreditar! Abri a página do diário várias e várias vezes para conferir se era real aquilo. Eu cheguei a me deitar na cama para dormir e levantar novamente só para conferir de novo se eu tinha mesmo passado. Rs. A emoção foi indescritível! 

Mais uma vez, junto com a imensa felicidade, veio também a ansiedade. Eu tinha parado de estudar todas aquelas matérias da DPE há mais de um mês. Como retomar faltando tão pouco tempo para a prova? Como me preparar para uma prova oral? O que estudar? O que priorizar? Como estudar? Também tive a ajuda de muita gente querida nesse momento. 

Resolvi fazer o curso de oratória da Rógeria Guida. Muitos amigos e conhecidos que já tinham sido aprovados em outros concursos me recomendaram o curso. E foi maravilhoso. Aprendi muito lá. Me tornei mais segura e mais confiante. Não fiz nenhum outro curso específico para a oral. Mas treinei muito com amigos. O meu estudo para a oral consistiu basicamente na leitura de pontos do edital que eu não tinha conhecimento algum, revisão de pontos mais complicados e na leitura de perguntas já feitas pelos meus examinadores em outras provas orais anteriores. 

No dia da prova, apesar no nervosismo natural, eu estava tranquila. O clima da prova em si é bem legal, bem confortável. Os examinadores foram educados. A equipe da FCC super solícita. O sorteio dos pontos a serem questionados foi realizado na hora. E eu só tive acesso ao conteúdo de cada ponto quando estava diante de cada examinador. Tirando a banca de penal, que por sinal era a que estava com mais medo, todos as outras bancas foram muito difíceis para mim. Na banca de direito público, fui questionada acerca da Lei do SUS, que eu não tinha lido, e me saí muito mal. Depois desse susto, me deixei levar pelo nervosismo e fui mal também na banca de civil, apesar do ponto ter sido tranquilo.

Eu saí da prova com a sensação de que não iria passar. Fiz todos as contas possíveis e imaginárias na minha cabeça e em nenhuma delas eu conseguia a média para ser aprovada. Fiquei triste, porque queria ter tido a oportunidade de demonstrar melhor os meus conhecimentos. Ter o meu futuro no concurso analisado por algumas poucas perguntas e num período tão curto de tempo me pareceu muito injusto. Mas prova oral é isso. Eu também estava feliz por ter tido a oportunidade de participar daquele momento e de ter chegado tão longe. Estava aliviada também por ter encerrado aquele ciclo.

Quando saiu o resultado da oral, nessa última segunda-feira, eu abri o diário sem muita expectativa. E num primeiro momento, não vi meu nome na lista de aprovados. Pensei comigo mesma "é, realmente não deu". Mas deu! Meu nome estava lá sim! E a emoção dessa vez foi ainda maior. Aquele grito entalado na garganta: PASSEI!!!

Foi só o primeiro passo e a caminhada ainda continua longa pela frente. Mas a felicidade em ter alcançado um resultado tão positivo como esse é indescritível! Passou um filme na minha cabeça. Todo o esforço e dedicação. Todos os dias em que venci o cansaço, a preguiça, as minhas desculpas. Todos os dias em que queria estar com aqueles que amo e não pude. Todos os momentos que deixei de viver e lugares que deixei de ir. Todos os dias em que eu não acreditei em mim. Em que pensei em desistir. Tudo, tudo fica pequeno perto da emoção que toma conta. Me venci e venci!







Comentários

  1. Bom dia. Parabéns pela sua aprovação. Te acompanho há algum tempo e estou na mesma luta diária. Gostaria de saber se você pode sugerir formas de se estudar pras peças práticas e pras questões objetivas. Oq Vc acha que foi bom ter feito e Oq Vc acha que poderia ter feito e que fez falta. Obrigado.

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  2. Respostas
    1. Ei, Gabriela. Muito obrigada! Como eu não estava estudando para a DPE, só comecei a treina as peças práticas depois da aprovação na primeira fase, através do curso Ouse Saber, como expliquei no post. Acho que o ideal seria já começar esse treino bem antes. Há cursos, como o CEI, que sempre tem turmas de questões discursivas e peças práticas nesse estilo de rodadas. Acredito que a melhor forma de estudar para esse estilo de prova é praticando, resolvendo questões de provas anteriores e novas questões propostas pelos professores.

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  3. Que orgulho de ter acompanhado isso! Vc vai longeeeee!!!!! To na torcida!

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  4. Bom dia, minha leitura sobre sua vitória está um pouco intempestiva, mas quero parabenizá-la mesmo assim. Fiquei bastante emocionado com a sua história! Na verdade, estava procurando por informações relacionadas ao Curso Ouse Saber, e acabei encontrando seu blog e esse texto maravilhoso! Atualmente, estudo para o concurso da magistratura, vejo como algo quase impossível, mas com muita dedicação, certamente será possível alcançar esse sonho! Desejo sucesso na sua caminhada, e muito obrigado por compartilha sua história.

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